sábado, 17 de novembro de 2007


A história e a origem dos instrumentos de percussão confundem-se com a própria história da humanidade. "Ao nos reportarmos à história do homem na Terra fica claro que a percussão, como um som específico, praticamente nasceu com a raça humana". (Gonçalves, 1999, p.51)
As necessidades de comunicação impulsionaram o homem a produzir sons, seja para a imitar os sons da natureza (trovão, chuva), as batidas do coração, seja para reverenciar o desconhecido, através de rituais, dando à música um sentido religioso e ritualístico, associado também à dança. Batendo as mãos e os pés, eles buscavam também celebrar fatos de sua realidade: vitórias na guerra, descobertas surpreendentes. Mais tarde, em vez de usar só as mãos e os pés, passaram a ritmar suas danças com pancadas na madeira, primeiro de maneira simples e depois trabalhadas, para soarem de formas diferentes. Surgia assim, o instrumento de percussão.
Segundo Gonçalves (idem, p.51) estudos arqueológicos comprovam a utilização de pedras, bastões e ossos de animais como prováveis objetos utilizados pelo homem para produzir sons. Esses instrumentos são chamados de idiofones e podem ser divididos de acordo com a sua forma de utilização: chocalhar, socar, raspar, bater. Frutos e sementes secas podiam ser chocalhados. Troncos e tubos ocos podiam ser golpeados com as mãos, bastões ou ossos. Dois objetos com superfícies não lisas podiam ser raspados, ou ainda dois objetos semelhantes podiam ser golpeados (madeira, pedra, osso).
Outro dado interessante, ainda segundo Gonçalves, é a existência de pegadas petrificadas, provenientes da Tanzânia há dois milhões de anos atrás, onde antropólogos verificaram que as pegadas estavam uma ao lado da outra, sendo que a pegada direita estava mais funda que a esquerda. Daí, concluíram que tratava-se provavelmente de uma dança, um ritual, onde o pé direito marcava o tempo mais forte, como em um compasso binário.
Desde então, a percussão sempre esteve presente em todas as culturas e manifestações musicais do mundo inteiro. Nas diferentes tribos e povos indígenas, africanos, árabes (mouros), indianos, chineses, pode-se encontrar uma incrível variedade de ritmos e instrumentos musicais que foram também se transformando à medida que o mundo moderno foi se desenvolvendo.
A história das descobertas e da colonização, que marcou profundamente a história da civilização ocidental, iniciou um processo de fusão cultural, ora marcado pela segregação e o domínio econômico-cultural, ora marcado pelo intercâmbio e pelo processo de assimilação-acomodação cultural, do qual somos marcados até hoje. Um grande exemplo disso é o Brasil, onde encontramos uma riqueza enorme de ritmos, instrumentos de percussão e manifestações musicais provenientes das culturas indígenas, africanas e européias que aqui se miscigenaram, formando, nesses últimos 500 anos, uma nova identidade cultural. O mesmo ocorreu em Cuba, Porto Rico, nos EUA e nas Américas como um todo, onde cada país possui uma enorme riqueza cultural proveniente das mesmas origens (indígena, africana, européia), em decorrência dos processos de colonização, mas com características próprias e diversas.
Mesmo na música erudita, de tradição ocidental européia, a percussão foi ganhando seu espaço, principalmente no século XX, à medida que os compositores buscaram inovações, seja através de novas possibilidades timbrísticas, ou pelo resgate folclórico cultural de suas origens.
"De forma geral, este (século XX) foi o século da redescoberta da percussão pelos principais compositores internacionais. As principais inovações musicais acabaram passando pela percussão, com sua riqueza timbrística ilimitada e suas possibilidades rítmicas marcantes (...). Durante diferentes períodos deste século, o renascimento do nacionalismo levou os compositores a procurarem uma reaproximação com as raízes folclóricas de seus países. Novamente a percussão foi fundamental nesta redescoberta, pois ela sempre esteve presente na música étnica e folclórica de grande parte das culturas do planeta". (GIANESELLA, 1999, p.19)
Em geral, o percussionista tem a sua formação musical ligada tradicionalmente ao fazer musical em grupo, seja pela sua participação em grupos de tradição folclórica, étnica e religiosa, seja pela sua participação em bandas, orquestras e grupos de percussão. Tanto na formação erudita quanto na formação popular, o percussionista torna-se um músico privilegiado no que diz respeito à prática em conjunto. Por isso, o trabalho em grupo com instrumentos de percussão é uma atividade pedagógica que deve fazer parte da formação musical de todo percussionista, seja qual for a sua especialidade (bateria, pandeiro, congas, tímpanos, teclados ou outros).
http://www.youtube.com/watch?v=sUMkTHs3H9E

Um comentário:

Johnny disse...

Aew manow, parabéns pelo blog cara... É isso aí... fale mesmo tudo que vc quiser falar não apenas sobre instrumentos ok??? Valeu mano, abração...